Relato de Tentativa de Golpe em Produtora de Vídeo

Introdução:

A busca por novos projetos é constante no audiovisual, mas a vigilância é uma necessidade. Este artigo, um alerta direto da Cinemátika Filmes, mergulha na realidade das tentativas de golpe que visam o roubo de equipamentos de vídeo.

Recentemente fomos vítimas de uma tentativa de golpe, mas conseguimos identificar o problema e impedir a ação. Esse artigo mostra como fizemos isso, espero que esse material ajude outros profissionais do audiovisual a identificar situações de risco para a proteção da toda produtora audiovisual:

• Sinais de Alerta: As 7 pistas para usamos identificar esse falso cliente nessa tentativa de golpe.
• Estratégias de Prevenção: Práticas proativas para proteger seus bens e seu negócio de armadilhas.
• Boas Práticas do Setor: Medidas que garantem a segurança da produção audiovisual como um todo, incluindo a compra responsável de equipamentos.
• Perguntas Frequentes: Respostas diretas sobre golpes, prevenção e o que fazer em situações de risco.

Este é um relato prático para profissionais de vídeo e produtoras protegerem-se contra ameaças e trabalharem com mais tranquilidade e segurança.

A Realidade dos Golpes no Audiovisual:

Há um tempo atrás, nossa produtora foi alvo de uma tentativa de emboscada que, felizmente, conseguimos detectar a tempo. Eu, Erick Monstavicius, mesmo com mais de 20 anos de experiência, quase caí nesse golpe. Foi um momento de grande tensão, mas que se transformou em um valioso aprendizado.

Compartilho com você, neste artigo, as sete pistas que me fizeram desconfiar e identificar que se tratava de um golpista, e não de um cliente legítimo. Espero que essas observações práticas ajudem você e sua produtora audiovisual a evitarem situações semelhantes.

7 Pistas que Tivemos para Identificar um Falso Cliente

A seguir, uma timeline resumida da tentativa de golpe que vivenciamos. Confira também o vídeo dessa história, com mais detalhes sobre o desenrolar de cada uma dessas sete pistas.

Era uma dia normal de trabalho…

Você está em seu trabalho atendendo normalmente seus clientes, como sempre faz. Clientes antigos e novos clientes entram em contato pelo email, WhatsApp e telefone tirando dúvidas e solicitando orçamentos. Você atende o golpista e não tem a menor ideia que não é um cliente real.

Pista 1: Ausência de E-mail Corporativo

O golpista se apresentou como cliente, mas forneceu um e-mail pessoal (Gmail), não corporativo. Ele justificou a ausência do e-mail oficial com desculpas como problemas no servidor. Embora isso possa acontecer com empresas reais, foi um sinal de alerta inicial.

Pista 2: Atraso no Pagamento – Contrato Complexo para Serviço Simples

Ao solicitar um sinal para agendamento, o golpista exigiu a assinatura de um contrato complexo para esse serviço, mesmo sendo um serviço muito pequeno e simples. Pelas regras da empresa, de acordo com a explicação dele, era necessário passar pelo departamento jurídico da empresa e, consequentemente, esse processo iria demandar alguns dias para o pagamento do sinal. Essa burocratização excessiva pareceu desnecessária e fora de padrão para o escopo e valor do trabalho. Foi o segundo sinal de alerta nessa negociação.

Pista 3: Curiosidade Excessiva em Detalhes Técnicos de Equipamentos

O suposto cliente ligou questionando detalhes técnicos muito específicos dos equipamentos que eu utilizaria (modelos de câmera, lentes, etc.). Essa curiosidade foi esquisita, pois clientes legítimos geralmente focam no resultado final do vídeo, e não na ficha técnica do equipamento. Nesse momento eu comecei a pensar seriamente se esse cliente na verdade não se tratava de uma emboscada.

Pista 4: Pressa Repentina na Realização do Serviço

O golpista exigiu a antecipação drástica da gravação para o dia seguinte, alegando um motivo qualquer. Essa pressa desproporcional, somada à falta de contrato e sinal, parecia totalmente incompatível com a burocracia que ele mesmo havia imposto. Nesse momento as suspeitas de ser um golpe se tornaram muito concretas, muito embora a gente queira acreditar ser tudo apenas coincidência – a gente quer acreditar que não é um golpe.

Pista 5: Telefones e E-mails da Empresa Inativos

Ao tentar verificar a empresa que o golpista representava, descobri que os contatos oficiais (telefone e e-mail corporativo) não funcionavam. A ausência de qualquer canal de comunicação legítimo com a empresa reforçou as suspeitas e apontou para uma situação de emboscada. Nesse momento acendeu a luz vermelha: era um golpe.

Pista 6: Exigências Sem as Devidas Justificativas

Logo após eu não ter conseguido contato com a empresa, por coincidência, o golpista ligou novamente. Ele insistiu que a equipe chegasse à locação à noite pois a gravação noturna tinha uma “melhor luz”, sem nenhuma justificativa plausível (poderia ser para gravar algum projeto luminotécnico, mas não foi essa a justificativa). Ele revelou total falta de conhecimento e incoerência, confirmando minhas suspeitas de golpe. Recusei o trabalho, e ele aceitou sem negociação, solidificando minha certeza.

Pista 7: Alerta em Períodos de Grande Demanda

A sétima pista foi o contexto da época: período eleitoral. Em épocas como essa, aumentam muito os roubos de equipamentos de produtoras de vídeo devido à alta demanda por produções descentralizadas, especialmente em eleições municipais. Fique atento para além da época eleitoral; grandes eventos e datas de alta demanda também exigem atenção redobrada.

No final: evitamos a emboscada

Perder um suposto cliente as vezes é um livramento, principalmente quando se trata de um golpe tão bem desenhado como esse. Apesar do susto, perdemos pouca coisa, basicamente algumas horas de trabalho em uma negociação bizarra com um golpista.

3 Dicas Essenciais para Se Proteger de Golpes no Audiovisual

É fundamental saber como agir preventivamente para proteger sua produtora audiovisual e seus equipamentos de vídeo, aqui estão três dicas essenciais para se precaver contra essas armadilhas:

• Verifique os Contatos da Empresa: Sempre desconfie de contatos sem e-mail corporativo ou canais de comunicação que não funcionam (telefone, site). Verifique sempre os canais oficiais da empresa.
• Atente-se a Pedidos Atípicos: Fique alerta a burocracias desnecessárias para serviços simples, perguntas excessivamente técnicas sobre equipamentos ou exigências fora da realidade da produção.
• Cuidado com a Pressa: Desconfie de urgência desproporcional para agendamento/gravação. Redobre a atenção em períodos de maior demanda ou em situações que gerem vulnerabilidade.

Práticas Seguras em Produção Audiovisual: Vá Além da Detecção de Golpes

Identificar as pistas de um golpista é crucial, mas a segurança na produção audiovisual vai além. Adotar práticas proativas de prevenção é fundamental para proteger sua produtora de vídeo e seus equipamentos de vídeo de diversos riscos, incluindo roubos, acidentes ou perdas. Integrar essas ações ao seu planejamento é investir na resiliência do seu negócio.

Veja algumas práticas seguras que toda produtora e profissional de vídeo deve considerar:

• Seguros Abrangentes para Equipamentos: Vá além do básico. Contrate seguros que cubram roubo, furto qualificado, danos acidentais e até mesmo responsabilidade civil em locações. Ter uma apólice atualizada para seus equipamentos de vídeo é sua primeira linha de defesa financeira contra imprevistos.
• Não Compre Equipamentos de Origem Duvidosa: Equipamentos com preço muito abaixo do mercado, sem nota fiscal, ou vindos de vendedores sem histórico ou com conduta suspeita, são grandes sinais de alerta. Este mercado de roubos e assaltos só existe porque há quem compre esses equipamentos duvidosos. Amanhã, a vítima pode ser sua produtora de vídeo. Comprar bens roubados ou furtados, mesmo sem saber a origem exata, também pode configurar crime de receptação. Exija sempre procedência comprovada e documentos fiscais.
• Planejamento de Segurança em Locação: Nunca subestime os riscos do ambiente. Realize um estudo prévio da locação (acesso, iluminação, vizinhança), evite ostentar equipamentos caros desnecessariamente e, em produções de alto valor ou em áreas de risco, considere a contratação de equipe de segurança especializada.
• Gestão de Mídia e Backups: O material captado é insubstituível. Adote uma rotina rigorosa de backup do conteúdo bruto e editado em múltiplos locais (ex: um HD externo, um servidor em nuvem). A perda de dados pode ser tão prejudicial quanto a perda de um equipamento.
• Conscientização da Equipe: Treine sua equipe sobre os riscos potenciais (inclusive de golpes como o relatado neste artigo), procedimentos de segurança em locação e o protocolo a seguir em caso de emergências ou situações suspeitas. Uma equipe bem informada é sua melhor proteção.

Conclusão: Proteção na Produção Audiovisual

A tentativa de golpe na Cinemátika serve de alerta: no audiovisual, a vigilância é essencial. As 7 pistas e as práticas seguras que abordamos são um testemunho prático para produtoras audiovisuais e profissionais de vídeo evitarem armadilhas e protegerem seus equipamentos de vídeo.

Nossa segurança é coletiva: acreditamos na força da colaboração para um audiovisual mais seguro. Se você é produtor ou profissional da área, compartilhe suas vivências e dúvidas. Conecte-se com a Cinemátika Filmes para troca de experiências e fortalecimento da nossa comunidade.

Dúvidas Frequentes sobre Golpes no Audiovisual:

1. O que é um golpe no audiovisual?

Resposta: Um golpe no audiovisual é uma tentativa de fraude que visa enganar produtoras audiovisuais ou profissionais de vídeo, geralmente disfarçada de uma proposta de trabalho legítima. O objetivo comum é o roubo de equipamentos de vídeo ou a obtenção de serviços sem o devido pagamento, explorando a confiança e a rotina do setor.

2. Como posso identificar um falso cliente?

Resposta: Identificar um falso cliente exige atenção a padrões incomuns e a uma postura preventiva. Embora cada golpe tenha suas particularidades, três dicas essenciais podem te ajudar: verifique a credibilidade dos contatos e dos canais oficiais da suposta empresa; atente-se a pedidos atípicos, como burocracias desnecessárias ou exigências técnicas fora da realidade; e desconfie da pressa injustificada, redobrando o cuidado em períodos de alta demanda ou maior vulnerabilidade.

3. Quais exemplos comuns de sinais de golpe em uma produtora de vídeo?

Resposta: Sinais de alerta em uma proposta de vídeo que podem indicar uma tentativa de golpe incluem, por exemplo: e-mails pessoais em vez de corporativos, burocratização excessiva para um serviço simples, perguntas muito técnicas sobre equipamentos em vez do resultado final, pressão para uma gravação urgente sem justificativa, contatos da suposta empresa que não funcionam e exigências técnicas absurdas.

4. Como proteger meus equipamentos de vídeo de roubos ou golpes?

Resposta: Proteger seus equipamentos de vídeo de roubos ou golpes envolve uma série de práticas seguras que vão além da detecção de armadilhas. Considere contratar seguros abrangentes para seus equipamentos, realize um planejamento de segurança detalhado para cada locação, adote uma rotina rigorosa de gestão de mídia e backups e, fundamentalmente, invista na conscientização e treinamento de sua equipe sobre riscos e protocolos de segurança. Além disso, anote e mantenha em local seguro o número de série de todos os seus equipamentos; isso é crucial para identificação e acionamento de seguro em caso de roubo.

5. O que fazer se desconfiar de um golpe?

Resposta: Se desconfiar de uma tentativa de golpe, o primeiro passo é não ceder à pressão. Verifique a credibilidade do contato e da empresa por canais oficiais independentes (busque na internet, ligue para telefones de outras fontes). Não compartilhe informações sensíveis ou dados bancários. Recuse exigências desproporcionais, como pressa injustificada ou burocracia excessiva para algo simples. Em caso de certeza sobre a fraude, corte a comunicação e, se julgar necessário, registre um boletim de ocorrência.

6. O que fazer em caso de roubo de equipamentos?

Resposta: Em caso de roubo de equipamentos, aja rapidamente para minimizar os prejuízos e aumentar as chances de recuperação. O primeiro passo é registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) detalhado o mais rápido possível. Em seguida, entre em contato com sua seguradora para acionar o seguro de equipamentos, fornecendo todas as informações e documentos solicitados. Divulgue o ocorrido em grupos e redes sociais da comunidade audiovisual, com fotos e números de série, pois isso pode dificultar a revenda e ajudar na identificação.